Concepções de identidade nas Ciências Humanas e Sociais
1. Introdução
Como se pode observar na unidade anterior, a reflexão sobre as identidades nas Ciências Humanas
e Sociais hoje tendem a considerar as dimensões multifacetadas e, por vezes, contraditórias
da identidade dos sujeitos. Essa compreensão resulta de um longo processo histórico e
só é possível se considerarmos a própria trajetória das mudanças sociais e dos estudos a respeito
da temática. O que se apresenta nessa unidade é um breve resumo das grandes orientações
que influenciaram os estudos sobre as identidades nas sociedades ocidentais.
2. Concepções de identidade nas Ciências Humanas e Sociais
Comumente não consideramos a historicidade das coisas que nos circundam, tomando-as
como se sempre tivessem existido da forma como as conhecemos. Atualmente, é comum,
mesmo nos meios acadêmicos, a utilização de diferentes expressões que apontam para um
entendimento multifacetado das identidades individuais, mas esse entendimento nem sempre
é contextualizado e nem sempre se considera quais dinâmicas sociais o tornaram possível. Do
mesmo modo que na unidade anterior, utilizaremos as reflexões de Stuart Hall para resumir
o percurso do pensamento social a respeito das identidades. Hall aponta para três distintas
concepções de identidade (2002:10):
a) sujeito do Iluminismo;
b) sujeito sociológico e
c) sujeito pós-moderno.
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Disciplina 2 - Identidade, Diferença e Racismo
O sujeito do Iluminismo estava baseado numa concepção da pessoa humana como
um indivíduo totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão,
de consciência e de ação, cujo “centro” consistia num núcleo interior, que emergia
pela primeira vez quando o sujeito nascia e com ele se desenvolvia, ainda
que permanecendo essencialmente o mesmo – contínuo ou “idêntico” a ele – ao
longo da existência do indivíduo.
O centro essencial do eu era a identidade de
uma pessoa (...) A noção de sujeito sociológico refletia a crescente complexidade
do mundo moderno e a consciência de que este núcleo interior do sujeito não era
autônomo e auto-suficiente, mas era formado na relação com “outras pessoas
importantes para ele, que mediavam para o sujeito os valores, sentidos e símbolos
– a cultura dos mundos que ele/ela habitava (...) De acordo com essa visão (...), a
identidade é formada na “interação” entre o eu e a sociedade. (...) O sujeito previamente
vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando
fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas
vezes contraditórias ou não-resolvidas. (...) o próprio processo de identificação,
através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais
provisório, variável e problemático.
Esse processo produz o sujeito pós-moderno,
conceptualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente.
(HALL 2010: 10-12)
Essas três concepções de identidade, aqui definidas de forma rápida, resumem as grandes
linhas de orientação da questão, e auxiliarão a melhor refletir acerca de aspectos centrais e
definidores que frequentemente informarão as discussões do curso .
Considerações Finais
As concepções de identidade aqui apresentadas são representativas de importantes orienta-
ções no pensamento social, podendo se afirmar que, atualmente, coexistem em um mesmo ou
diferentes contextos.
Referência
HALL, Stuart. A identidade cult
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